segunda-feira, 1 de dezembro de 2008


A mão de Cristal encostou a de fada Carlim, que parecia suave, mas fria. As duas flutuaram e ingressaram por sobre o lago negro. Cristal sentia uma leve brisa em sua face, e olhava para baixo, não conseguia ver nada além da escuridão. Carlim olhou para ela e apenas disse que elas se veriam depois. Soltou a mão de Cristal.Com um fino e agudo grito a Fada Cristal caiu nas águas negras do lago, e sumiu...

CONTINUANDO...

Uma floresta com troncos retorcidos e grandes. O vento batia levemente. Uma estrada de terra coberta por folhas corria por entre a mata. Cristal estava caída perto de um tronco super grosso. Seus olhos se abriram e por um momento pensou que estivesse de volta a floresta dos Magos. O lugar era muito parecido, ao não ser por algumas diferenças na paisagem. O clima frio predominava, e sobre a copa das arvores uma nuvem negra pairava, deixando a luz ficar mais rara.

Cristal começou a caminhar pela estrada, olhava para todos os lados atenciosa, não conseguia entender o porquê de ela estar ali, por que a Fada Carlim havia soltado sua mão sobre o Lago Negro? O sopro do vento veio correndo pela estrada, a sua frente, parecendo o som de vozes tumulares a muito aprisionadas em um lugar sombrio. A o passar por ela um som zuniu fino em seus ouvidos deixando-a tonta.

Cristal correu para o meio das arvores, aquilo não parecia ser um bom sinal, o mal estava rondando. Ela sabia que ainda estava no território das Fadas do Mal. Correu pela floresta e seu vestido foi rasgando nos espinhos que saiam das arvores, um som taciturno começou-se a ser ouvido. Parecia vir de longe ao mesmo tempo em que parecia que estava a cercando. Cristal correu mais rápido. Ela não tinha poder algum no território das Fadas do Mal, e não tinha certeza que poderia sobreviver por muito tempo.

As arvores fechavam todo o caminho, era difícil para ela correr mais rápidos, espinheiras cobriam o chão e nenhum atalho era possível se notar. A floresta se dirigia para baixo, em momentos Cristal estava descendo e não conseguia nem pensar aonde chegaria ao final daquela descida tortuosa. O Som se tornara intenso, várias vozes se misturavam, uma música sombria subia dentre as arvores.

Aos poucos Cristal foi notando que as arvores estavam ficando mais espaças, menos arvores, no momento seguinte abriu-se uma clareira que ela não notou pois estava correndo e olhando para trás, aquele som estava a perseguindo.

Seus pés escorregaram, ela caiu, seus braços seguraram a ponta de uma pedra que estava suspensa sobre um gigantesco precipício. Cristal começou a gritar, seu corpo estava suspenso, apenas suas mãos seguravam a pedra, ela não agüentaria muito tempo, uma de suas mãos já estava escapando da pedra, ela não ousava olhar para baixo, mas o vento frio e cortante subia daquele vale e cobria seu corpo de medo.

A única mão que segurava seu corpo começou a escorregar. Cristal lutava para sobreviver, lutava para conseguir ficar mais tempo segura naquela pedra, mas sua mão não seguia seu comando. Os dedos escorregaram todos, ela sentiu que iria afundar na imensidão do vale, mas ela sentiu alguém segurar bem forte seu braço. Por um momento ela pensou que não sobreviveria. Seu corpo suspenso começou a balançar, um calor provido daquela Mao que a segurava, começou a passar por toda sua pele, produzindo uma onda de alivio, seu corpo estranhamente começou a balançar para frente e para trás até que se virou ligeiramente para cima fazendo uma perfeita curva no ar, parando sobre a pedra.

Cristal olhou para si, seus cabelos caiam por sobre a face, seus vestido branco e leve, estava arranhado e rasgado. Tremia seu corpo inteiro, até que uma voz conhecida, suave e grave ao mesmo tempo, começou a ser pronunciada.
- Cristal você devia ter prestado mais atenção por onde estava caminhando.
- Fada Carlim? Como você está aqui e por que me salvou?
- Eu não desejo sua destruição Fada da Florest[a dos Magos.
- Então por que me largou naquele lago negro?
- Por que eu queria te mostrar Valhalla.
- Valhalla? Mas não estamos nos Jardins Cinzentos?
- Minha querida Fadinha – Sua voz parecia mais gutural que antes – noto que você não sabe muito sobre nós.
- Eu não deveria saber, não pertenço a linhagem das Fadas da Luz.
- Eu sei disso... Valhalla é o nosso lado, o nosso território, Os Jardins Cinzentos são os lugares que compõe nossa terra.
- E por que você me trouxe aqui?
- Olhe você mesma – Fada Carlim apontou sua mão para o horizonte atrás de Cristal ao mesmo passo que ela se virou para olhar.

O que podia ser visto lá embaixo depois do enorme vale que se abria em meio a floresta, coberto por uma fumaça esbranquiçada, era uma pequena montanha e sobre ela um povoado se assentava. Casas feitas de pedras em todas as cores, pendiam dos enormes paredões da montanha. Sobre uma saliência quase ao topo da montanha era possível se notar uma construção maior, um casarão de pedras com inúmeras torres que apontavam para o alto.

- Está vendo aquele castelo lá no topo, Cristal?
- Sim... Quem vive naquele lugar?
- Este é o povoado mais importante de Valhalla, igual ao teu na Floresta dos Magos.
- E por que você está me mostrando isso?
- Você já irá ver.

Fada Carlim levantou de suas costas enormes asas, que acompanhavam a cor de seu vestido lusco-fusco, e agarrou a mão da fada, ganhando os ares. Sobre o gigantesco vale, as asas enormes de Carlim se debatiam e as levaram para o povoado na montanha de pedras.

O som que tinha desaparecido quase por completo, reapareceu com mais força abaixo do manto de fumaça que cobria o vale, as vozes atordoantes formando uma sinfonia grotesca sobressaíram, atingindo as duas fadas. Cristal perguntou o que aquilo significava. Fada Carlim não soube responder, sua face exibia preocupação.

A fumaça da neblina que cobria boa parte da montanha de pedras foi se dispersando quando as duas estavam se aproximando. O lugar parecia deserto, as duas pousaram suavemente em frente ao castelo de torres pontudas. As enormes portas escuras se abriram e uma fada com asas negras e um vestido da cor da noite saiu lá de dentro.

Carlim se aproximou da outra fada, e começaram a discutir sobre algo que lhes parecia muito terrível. Cristal apenas ouviu algumas palavras, destruição das fadas, ataque inesperado e batalha.

As Fadas da Luz haviam adentrado os Jardins Cinzentos, num ataque inesperado contra as Fadas do Mal. Abaixo da montanha das pedras a batalha estava se armando, em poucos momentos iria começar. A canção de vozes em coro era o sinal que a batalha não tardava a iniciar.

CONTINUA...


Um comentário:

Gabi disse...

He leído la historia de Cristal y realmente me ha hechizado. No es difícil llegar a imaginar estar en ese lugar presenciando la escena. Una ambientación muy tétrica pero hermosa. Una descripción visceral, apasionada.
No me perderé el desenlace.